quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Saturday night

Galbraith disse certa vez que nada tolhe tanto a liberdade humana quanto a falta de dinheiro, e concordando ou não, eu estava prestes a sentir a realidade de tal afirmação na própria pele.
Era sábado a noite e eu estava sem dinheiro para sair, havia esquecido meus óculos no escritório e não podia ler, portanto tinha de ver televisão para passar o tempo e tentar me divertir um pouco.
O quadro não era nada animador, mas ao menos, apesar de vencido o pagamento, eu ainda tinha tv a cabo que, apesar de não ser o melhor pacote, ainda poderia encontrar um bom filme no AXN, na Fox, no People and Arts, ou em qualquer outro.
Mãos à obra.
A primeira coisa que me lembrei ao começar a procurar um bom programa foi que tv fechada vive de reprises. Estava próxima a semana do Academy Awards, o famoso Oscar (que como muitas coisas nos Estados Unidos foi instituído por um caipira, mas que como tantas outras deu certo – o grande segredo americano) e o People and Arts (aquele canal que faz reallity show de tudo, de navio pirata a família anã) estava passando exatamente os filmes que nunca teriam chance de ganhar um Oscar (excetuando Tears of the Sun, com Bruce Willis e Mônica Belucci que, concordem os críticos ou não, eu acho espetacular, e não so pelas belas cenas de combate, mas por alertar para uma tragédia humanitária, um genocídio desenfreado, esquecido pelo mundo).
Passei por muitos canais, sem excluir os canais abertos para, conforme pede o asno que muitos chamam de senhor presidente, honrar o que temos de bom, pois o Brasil tem muitas coisas boas a serem mostradas ao mundo. Boa!
No AXN encontrei algo que estava dentro do meu gosto. Incluía roubo de tecnologia militar por um ladrão profissional, que so sem importava com dinheiro (e obvio), espionagem, agentes chineses trabalhando clandestinamente nos Estados Unidos, traficantes de armas de alto nível procurando o mesmo material que o agente chinês e diversos elemento ligados ao terrorismo internacional interessados em comprar a arma, desenvolvida em Taiwan. Ao ler a sinopse nem sequer me preocupei em saber quem eram os atores, algo que geralmente me importa, mas era tamanho meu desespero que preferi ficar na parte que me havia encantado. O inicio da sinopse lembrou-me ate um livro de Forsyth, O Quarto Protocolo, em que um ladrão, ao roubar um colar de diamantes, acaba levando embora uma pasta onde se encontram segredos militares. Ele os envia secretamente para o SIS e acabam por descobrir um grande caso de entrega de segredos militares. Ótimo.
Nada disso.
Para começar o agente de Taiwan era Jet Lee. O contrabandista internacional era um outro asiático lutador de kung fu e o outro ladrão, esse americano, era um rapper negro (pleonasmo se não fosse a gloriosa exceção chamada Eminen) que não era o cara que faz o Pimp my Ride, nem o que faz o Triplo X 2 e nem um daqueles que cantam com o Justin Timberlake. Mas era rapper, e isso já e o bastante para fazer um filme de ma qualidade (agora incluo também o glorioso rapper branco, Eminen, que honrando seu papel de rapper faz um filme horroroso, chamado 5 Mille, que para não ser totalmente inútil, ao menos serviu de inspiração para a comedia de humor duvidoso, Todo Mundo em Pânico III).
Resultado negativo. A expectativa tornou-se decepção. O sábado que estava ruim ficou pior.